quinta-feira, 9 de outubro de 2008






terça-feira, 7 de outubro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Hino do Assaré

Letra:joão Junqueira de Sales e Francisco Palácio Leite
Música:Josino Roberto de sousa
Intrepretado por: Paula Pio e instrumental por Tony Almeida

Salve oh dia ditoso e de glória
Em que um povo com amor tão profundo
Principia escrever nossa história
Semeando este solo profundo

A tua luz de raios mil
Enche nossa alma de alta fé
Pela grandeza do Brasil
Pelo progresso de Assaré

Retratando em enlace perfeito
Desta terra com sua gente ativa
Entre tantos filhos foi eleito
O poeta maior Patativa

Assaré venturoso e brilhante
Vibrará nos clarins da vitória
Ascendendo ligeiro e triunfante
Nos caminhos sublimes da glória

Exaltamos povo varonil
Esta terra que sempre será
Filha ilustre do nosso Brasil
E orgulho do nosso Ceará

Lei Municipal nº12/2002 de 05 de Julho de2002

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Banda Forrozão Primeiro Beijo





Paula Pio é a vocalista da Banda Forrozão Primeiro Beijo
Contato para Shows:
(88) 3535-1397
(88) 9965-5950
(88) 9605-0715
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NOSSO MESTRE DA BANDA CABAÇAL - Zé Lino






NOSSO MESTRE DA BANDA CABAÇAL


Rodeado dos pássaros e canaviais que existem em redor de uma pequena casa do Bairro Pedra de fogo, vive o Senhor José Nascimento de Souza, conhecido como mestre Zé Lino,(apelido que ganhou dos irmãos ainda criança), natural de Catarina região dos Inhamuns, nasceu em 08 de dezembro de 1942, mora na Av. Perimetral no município de Assaré, sertão do Cariri Cearense.
Filho de Esmerino Cipriano de Souza, O “Seu Marim” e de Maria Josefina do Nascimento, mãe Pastorinha, Mestre Zé Lino é o melhor e mais antigo pifeiro do município.
O Mestre Zé Lino é de origem indígena, comprovada na sinfonia e afinação do seus pífanos que animam as tardes de verão de sua residência. A arte popular corre em suas veias como parte integrante do seu corpo, pois do seu pai herdou a arte de tocar e confeccionar pífanos com a regra perfeita, e ainda possui o dom da arte de um bom sertanejo contador de lendas e causos. Já de sua mãe herdou os segredos da medicina popular e os segredos das matas da caatinga nordestina, tendo em vista que sua mãe era uma respeitadíssima parteira da região.
Cumprindo a triste saga do sertanejo, cantada por patativa do Assaré na Triste Partida, os pais de Mestre Zé Lino, Seu Marim e Mãe Pastorinha, retiraram – se com a família para o sertão pernambucano, lá seu Marim foi chefe de banda Cabaçal, onde ensinou a arte ao seu filho mais velho, Francisco Nascimento de Souza, o Nô. Aos quinze anos de idade foi a vez de o Mestre Zé Lino aprender a arte de tocar o pífano, com o seu irmão Nô. Grande parceiro do Mestre Zé Lino nas empreitadas pelas matas serranas animando os sambas e debulhas de feijão da região.
Fugindo da seca que assolava o sertão pernambucano Mestre Zé Lino chegou até a cidade de Assaré, encantado com os legumes e as possibilidades de “serviço” instalaram-se no bairro pedra de fogo. Lá trabalhou na construção do calçamento da mais bela construção arquitetônica da cidade, a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, localizada entre as primeiras casas, de estilo colonial, que deram inicio o surgimento de Assaré.
Este trabalho aproximou o Vigário da cidade, Pe. Agamenon de Matos Coelho, ao Mestre Zé Lino, que entre uma hora e outra de descanso animava os colegas com o seu pífano. Tomando conhecimento da arte de Zé Lino, Pe. Agamenon o convidou para ser o pifeiro oficial da festa da padroeira, foi então que seu Zé Lino, junto com os seus filhos, e os amigos Chico rico no Zabumba, o mestre tornou-se o responsável por fazer a escolta do pau da bandeira todos os anos. Assim Mestre Zé Lino ficou conhecido em toda a região. O mestre manteve-se a frente do pau da bandeira por dezoito anos na festa da padroeira, que acontece no período de 07 a 15 de setembro.
Mas a festa do pau da bandeira não era a única festividade que o mestre participava, ele tocou em diversas regiões do Estado em novenas com os benditos de Nossa Senhora Das Dores, São José, São Sebastião. Além das festas religiosas ele participava das apresentações culturais do município, chegando a vencer festivais de música com o seu pífano.
Para o mestre existem três tipos de pífano, o primeiro é o regra inteira, segundo ele recebe este nome por ser muito escalado ou por ter “ o derradêro grau de tom, a pois os dedo fica bem arreganhado”, é o pífano usado pelos pifeiros de Caruaru – Pernambuco; o segundo é o ¾ três quarto, tem uma escala média, o qual mestre Zé Lino mais gosta de tocar e o terceiro é o ½ meia régua, uma escala pequena e som grave.
Mestre Zé Lino constrói os seus próprios instrumentos usando como matéria prima a taboca, mas ressalta que a taboca boa para o pífano é a taboca taquara, quando não tem a madeira ele utiliza cano P.V.C e como principal matéria prima, a sua sabedoria. Mesmo sem nunca ter freqüentado uma escola, o Mestre confecciona os instrumentos com uma precisão matemática perfeita, colocando os seis buracos dos quais saem as notas com o sétimo por onde o ar “entra” em perfeito alinhamento, expressando bem o assunto de medidas, razões e proporções e os assuntos físicos de onda sonoras, “ se o caba num subé fazer o bicho(pífano) num presta” diz o mestre ao explicar o funcionamento do instrumento de forma tão natural e popular.
Além do pífano Mestre Zé Lino toca gaita, não aquela gaita americana, mas uma feita do mesmo material do pífano, a diferença está no posicionamento da boca para o sopro,o pífano posiciona-se na parte inferior dos lábios, sendo o lábio superior o responsável pelo direcionamento do ar, já a gaita fica entre os dois lábios com a entrada do ar dentro da boca. Mas mestre Zé Lino não é apenas um construtor de pífano, confecciona os zabumbas e caixas com madeira, couro de bode ou veado e cordas, completando a orquestra cabaçal.
O Mestre utiliza 72 (setenta e dois) diferentes tons para tocar todos os ritmos tradicionais como a Cachorra, Pipoca, Maribondo, até sons atuais, como o forró, choro, a marcha, samba até o clássico brasileirinho. O mestre explica ainda a marcha estrada, tocada quando a cabaçal sai pelas ruas da cidade com o estandarte de Nossa Senhora Das Dores pedindo esmolas para a festa da padroeira ou quando vai buscar o pau da bandeira, pois tem um toque mais compassado, “ dá tempo da gente rispirar, pois agente toca e depois o bumba faz bôrôbôbô” - explica.
O parceiro de pífano predileto do Mestre Zé Lino é João Zumba. Em suas apresentações o seu João Zumba faz o 2º pífano, seu filho Cícero toca a caixa e Cipriano, seu outro filho o zabumba, ambos aprenderam o oficio com o pai, este último quando não estar na cidade é substituído pelo seu primo, outro Cícero . Formada a orquestra o Mestre Zé Lino toca e dança com alegria lembrando se de seus ancestrais indígenas : “ - Óia isso aqui foi os índios qui inventaram, pra fazer seus festejos com os instrumentos de pau e corda (pifano e zabumba) e eu sô cabôco descendente dus índios brabo das mata, a mãe do pai de meu pai ( sua bisavó ), que o povo chamava de madinha, foi pegada a dente de cachorro, pegaro ela nas mata da Paraiba em Cajazera do Ríu do Peixe, quando o bando viu a população( povos brancos) correro prum lado e ela foi pro otô, ai os cachorro acuaru ela numa grota e os povo pegaro ela pra criar, eu num me lembro dela não meu pai que conta , num sabe, ela teve até um fio que foi cangaceiro de Lampião, chamava ele de antoin de madinha. - Conta com impolgação.”
Mestre Zé Lino intitula-se um homem de coragem, pois segundo ele um homem que faz o parto do próprio filho tem que ser corajoso. Os traços “cabocos” são visíveis na sua fisionomia, que fizeram do Mestre Zé Lino um sábio da cultura popular, repassando seus ensinamentos para quem os procura e em especial aos seus filhos, e orgulha – se de já ter brincado de São Gonçalo, e de seu filho Cipriano ter sido chefe do maneiro pau e como um grande cearense o Mestre não foge a regra, como grande contador de causos, ressaltando que ainda mantém viva algumas sabedorias dos povos indígenas, como fazer fogo, como ele mesmo chama, “grossando” um madeira na outra e tirar água de cipó de mucunã,” – só da certo fazer se a pessoa tiver ciênça se num tiver num sabe”.
Aos 66 anos de idade Mestre Zé Lino, construiu a própria casa e mora com sua esposa D. Maria, (prima legítima e obviamente com descendência indígena que guarda consigo outra tradição o artesanato de louças de barro), e suas duas filhas Geane e Girlane, tocando o seu “pife”, nas tardes de verão na esperança da chuva e das belas luaradas do sertão cearense.
Hoje José Nascimento de Souza, Mestre Zé Lino, faz parte do patrimônio imaterial do município de Assaré e do mundo,onde foi agraciado e reconhecido pelo poder público municipal como Mestre da Cultura Popular Assareense, e que exerce como ninguém sua cidadania cultural, e destaca no meio popular, não pelo saber manusear a cabaçal mas por trazer consigo, no seu sangue e coração as tradições daqueles que já eram cidadão do mundo.


Referência bibliográfica
Rosemberg Cariry & Oswald Barroso. Cultura insubmissa: estudos e reportagens. Fortaleza: Nação Cariri Editora, 1982, p. 121-127.
J. de Figueiredo Filho. O folclore no Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1962, p. 79
Entrevista com Mestre José Lino. Em 06 de agosto de 2008.
Apostila Raízes; Fundação Memorial Patativa do Assaré