quinta-feira, 9 de outubro de 2008






terça-feira, 7 de outubro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Hino do Assaré

Letra:joão Junqueira de Sales e Francisco Palácio Leite
Música:Josino Roberto de sousa
Intrepretado por: Paula Pio e instrumental por Tony Almeida

Salve oh dia ditoso e de glória
Em que um povo com amor tão profundo
Principia escrever nossa história
Semeando este solo profundo

A tua luz de raios mil
Enche nossa alma de alta fé
Pela grandeza do Brasil
Pelo progresso de Assaré

Retratando em enlace perfeito
Desta terra com sua gente ativa
Entre tantos filhos foi eleito
O poeta maior Patativa

Assaré venturoso e brilhante
Vibrará nos clarins da vitória
Ascendendo ligeiro e triunfante
Nos caminhos sublimes da glória

Exaltamos povo varonil
Esta terra que sempre será
Filha ilustre do nosso Brasil
E orgulho do nosso Ceará

Lei Municipal nº12/2002 de 05 de Julho de2002

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Banda Forrozão Primeiro Beijo





Paula Pio é a vocalista da Banda Forrozão Primeiro Beijo
Contato para Shows:
(88) 3535-1397
(88) 9965-5950
(88) 9605-0715
(88) 9951-9110

NOSSO MESTRE DA BANDA CABAÇAL - Zé Lino






NOSSO MESTRE DA BANDA CABAÇAL


Rodeado dos pássaros e canaviais que existem em redor de uma pequena casa do Bairro Pedra de fogo, vive o Senhor José Nascimento de Souza, conhecido como mestre Zé Lino,(apelido que ganhou dos irmãos ainda criança), natural de Catarina região dos Inhamuns, nasceu em 08 de dezembro de 1942, mora na Av. Perimetral no município de Assaré, sertão do Cariri Cearense.
Filho de Esmerino Cipriano de Souza, O “Seu Marim” e de Maria Josefina do Nascimento, mãe Pastorinha, Mestre Zé Lino é o melhor e mais antigo pifeiro do município.
O Mestre Zé Lino é de origem indígena, comprovada na sinfonia e afinação do seus pífanos que animam as tardes de verão de sua residência. A arte popular corre em suas veias como parte integrante do seu corpo, pois do seu pai herdou a arte de tocar e confeccionar pífanos com a regra perfeita, e ainda possui o dom da arte de um bom sertanejo contador de lendas e causos. Já de sua mãe herdou os segredos da medicina popular e os segredos das matas da caatinga nordestina, tendo em vista que sua mãe era uma respeitadíssima parteira da região.
Cumprindo a triste saga do sertanejo, cantada por patativa do Assaré na Triste Partida, os pais de Mestre Zé Lino, Seu Marim e Mãe Pastorinha, retiraram – se com a família para o sertão pernambucano, lá seu Marim foi chefe de banda Cabaçal, onde ensinou a arte ao seu filho mais velho, Francisco Nascimento de Souza, o Nô. Aos quinze anos de idade foi a vez de o Mestre Zé Lino aprender a arte de tocar o pífano, com o seu irmão Nô. Grande parceiro do Mestre Zé Lino nas empreitadas pelas matas serranas animando os sambas e debulhas de feijão da região.
Fugindo da seca que assolava o sertão pernambucano Mestre Zé Lino chegou até a cidade de Assaré, encantado com os legumes e as possibilidades de “serviço” instalaram-se no bairro pedra de fogo. Lá trabalhou na construção do calçamento da mais bela construção arquitetônica da cidade, a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, localizada entre as primeiras casas, de estilo colonial, que deram inicio o surgimento de Assaré.
Este trabalho aproximou o Vigário da cidade, Pe. Agamenon de Matos Coelho, ao Mestre Zé Lino, que entre uma hora e outra de descanso animava os colegas com o seu pífano. Tomando conhecimento da arte de Zé Lino, Pe. Agamenon o convidou para ser o pifeiro oficial da festa da padroeira, foi então que seu Zé Lino, junto com os seus filhos, e os amigos Chico rico no Zabumba, o mestre tornou-se o responsável por fazer a escolta do pau da bandeira todos os anos. Assim Mestre Zé Lino ficou conhecido em toda a região. O mestre manteve-se a frente do pau da bandeira por dezoito anos na festa da padroeira, que acontece no período de 07 a 15 de setembro.
Mas a festa do pau da bandeira não era a única festividade que o mestre participava, ele tocou em diversas regiões do Estado em novenas com os benditos de Nossa Senhora Das Dores, São José, São Sebastião. Além das festas religiosas ele participava das apresentações culturais do município, chegando a vencer festivais de música com o seu pífano.
Para o mestre existem três tipos de pífano, o primeiro é o regra inteira, segundo ele recebe este nome por ser muito escalado ou por ter “ o derradêro grau de tom, a pois os dedo fica bem arreganhado”, é o pífano usado pelos pifeiros de Caruaru – Pernambuco; o segundo é o ¾ três quarto, tem uma escala média, o qual mestre Zé Lino mais gosta de tocar e o terceiro é o ½ meia régua, uma escala pequena e som grave.
Mestre Zé Lino constrói os seus próprios instrumentos usando como matéria prima a taboca, mas ressalta que a taboca boa para o pífano é a taboca taquara, quando não tem a madeira ele utiliza cano P.V.C e como principal matéria prima, a sua sabedoria. Mesmo sem nunca ter freqüentado uma escola, o Mestre confecciona os instrumentos com uma precisão matemática perfeita, colocando os seis buracos dos quais saem as notas com o sétimo por onde o ar “entra” em perfeito alinhamento, expressando bem o assunto de medidas, razões e proporções e os assuntos físicos de onda sonoras, “ se o caba num subé fazer o bicho(pífano) num presta” diz o mestre ao explicar o funcionamento do instrumento de forma tão natural e popular.
Além do pífano Mestre Zé Lino toca gaita, não aquela gaita americana, mas uma feita do mesmo material do pífano, a diferença está no posicionamento da boca para o sopro,o pífano posiciona-se na parte inferior dos lábios, sendo o lábio superior o responsável pelo direcionamento do ar, já a gaita fica entre os dois lábios com a entrada do ar dentro da boca. Mas mestre Zé Lino não é apenas um construtor de pífano, confecciona os zabumbas e caixas com madeira, couro de bode ou veado e cordas, completando a orquestra cabaçal.
O Mestre utiliza 72 (setenta e dois) diferentes tons para tocar todos os ritmos tradicionais como a Cachorra, Pipoca, Maribondo, até sons atuais, como o forró, choro, a marcha, samba até o clássico brasileirinho. O mestre explica ainda a marcha estrada, tocada quando a cabaçal sai pelas ruas da cidade com o estandarte de Nossa Senhora Das Dores pedindo esmolas para a festa da padroeira ou quando vai buscar o pau da bandeira, pois tem um toque mais compassado, “ dá tempo da gente rispirar, pois agente toca e depois o bumba faz bôrôbôbô” - explica.
O parceiro de pífano predileto do Mestre Zé Lino é João Zumba. Em suas apresentações o seu João Zumba faz o 2º pífano, seu filho Cícero toca a caixa e Cipriano, seu outro filho o zabumba, ambos aprenderam o oficio com o pai, este último quando não estar na cidade é substituído pelo seu primo, outro Cícero . Formada a orquestra o Mestre Zé Lino toca e dança com alegria lembrando se de seus ancestrais indígenas : “ - Óia isso aqui foi os índios qui inventaram, pra fazer seus festejos com os instrumentos de pau e corda (pifano e zabumba) e eu sô cabôco descendente dus índios brabo das mata, a mãe do pai de meu pai ( sua bisavó ), que o povo chamava de madinha, foi pegada a dente de cachorro, pegaro ela nas mata da Paraiba em Cajazera do Ríu do Peixe, quando o bando viu a população( povos brancos) correro prum lado e ela foi pro otô, ai os cachorro acuaru ela numa grota e os povo pegaro ela pra criar, eu num me lembro dela não meu pai que conta , num sabe, ela teve até um fio que foi cangaceiro de Lampião, chamava ele de antoin de madinha. - Conta com impolgação.”
Mestre Zé Lino intitula-se um homem de coragem, pois segundo ele um homem que faz o parto do próprio filho tem que ser corajoso. Os traços “cabocos” são visíveis na sua fisionomia, que fizeram do Mestre Zé Lino um sábio da cultura popular, repassando seus ensinamentos para quem os procura e em especial aos seus filhos, e orgulha – se de já ter brincado de São Gonçalo, e de seu filho Cipriano ter sido chefe do maneiro pau e como um grande cearense o Mestre não foge a regra, como grande contador de causos, ressaltando que ainda mantém viva algumas sabedorias dos povos indígenas, como fazer fogo, como ele mesmo chama, “grossando” um madeira na outra e tirar água de cipó de mucunã,” – só da certo fazer se a pessoa tiver ciênça se num tiver num sabe”.
Aos 66 anos de idade Mestre Zé Lino, construiu a própria casa e mora com sua esposa D. Maria, (prima legítima e obviamente com descendência indígena que guarda consigo outra tradição o artesanato de louças de barro), e suas duas filhas Geane e Girlane, tocando o seu “pife”, nas tardes de verão na esperança da chuva e das belas luaradas do sertão cearense.
Hoje José Nascimento de Souza, Mestre Zé Lino, faz parte do patrimônio imaterial do município de Assaré e do mundo,onde foi agraciado e reconhecido pelo poder público municipal como Mestre da Cultura Popular Assareense, e que exerce como ninguém sua cidadania cultural, e destaca no meio popular, não pelo saber manusear a cabaçal mas por trazer consigo, no seu sangue e coração as tradições daqueles que já eram cidadão do mundo.


Referência bibliográfica
Rosemberg Cariry & Oswald Barroso. Cultura insubmissa: estudos e reportagens. Fortaleza: Nação Cariri Editora, 1982, p. 121-127.
J. de Figueiredo Filho. O folclore no Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1962, p. 79
Entrevista com Mestre José Lino. Em 06 de agosto de 2008.
Apostila Raízes; Fundação Memorial Patativa do Assaré

A HISTÓRIA DA BANDA CABAÇAL

Podemos dizer que Banda Cabaçal, Banda de Pífanos ou apenas Cabaçal é um conjunto instrumental de percussão e sopro formado por um zabumba, uma caixa ,todos feitos de madeira e couro, de bode ou veado, e dois pifes de taboca, soprados vertical ou horizontalmente.
As bandas Cabaçais possuem influências indígenas e africanas, como vimos nos estudos do folclorista cearense J. de Figueiredo Filho, que afirma em um de seus livros que as Cabaçais tiveram origem em meio aos escravos, e completando, o renomado cineasta cearense, Rosemberg Cariry ressalta a forte influência indígena em muitas das execuções musicais,das banda cabaçais. “nas suas marchas de entrada, nas tocatas guerreiras e nas peças que lembram rituais mágicos e totêmicos, tais como o “Baião do Gigante”, “Maribondo”, “Dança do Sapo”, “Caboré”, “Briga do Cachorro com a Onça”, etc.” Confirmado pelo mestre José Lino, o folclorista J. de Figueiredo Filho destaca o aspecto onomatopaico das composições musicais e das danças do zabumbeiros. Nos gêneros apresentado pelas bandas cabaçais, a PIPOCA é um baião que imita o milho pipocando no fogo. MARIBONDO é tão agressivo em notas agudas como as abelhas tão valentes e de ferroadas forte. CACHORRA é como se fosse a cadela a gritar no momento em que estar levando um açoite” No mesmo tempo em que os mestres da Banda Cabaçal fazem as suas apresentações, eles realizam alguns passos coreográficos muitas delas imitativas dos movimentos de animais, alguns típicos do sertão cearense. No “Caboré”, por exemplo, “os instrumentos imitam sons produzidos pela ave, enquanto os membros da Cabaçal desenvolvem uma dança.Ainda assegurados na pesquisa do cineasta Rosemberg Cariry, os movimento executados lembra bastante a realização dos rituais dos antigos índios Cariris, que, com as suas danças, buscavam nos Deuses, a proteção do animal. Finalizando a sua análise sobre as origens das Cabaçais, Cariry é incisivo: “Somos de opinião que as bandas cabaçais, em seu atual estágio, mesclam as diferentes influências dos povos, negros e índios”. Assim, Rosemberg aponta para a circularidade cultural como processo constitutivo das bandas cabaçais existentes na atualidade. Ou seja, as bandas cabaçais são frutos da mistura de elementos culturais diferentes, presentes nas culturas indígena e africana.
Mas as Bandas Cabaçais, não limitam – se apenas as apresentações e danças, pois elas estão diretamente ligadas a religiosidade de suas comunidades de origem. No tocante as festividades alusivas a padroeira do município, desde momento da retirada do Pau da Bandeira em meio as serras da caatinga até o seu batismo, quando a Cabaçal toca em redor do pau da bandeira os benditos católicos referente ao santo, concluindo nas novenas que acontecem por quinze dias.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO NOSSO TORRÃO QUERIDO

Os primeiros a chegarem às terras que constituem o território do primitivo Assaré não foram os Silva Pereira.
Com essa afirmação não queremos contestar que seja Alexandre o seu fundador, mas convém lembrar que o município originou-se de uma fazenda, muito embora não fora a única, porém foi a que mais prosperou, o que deu direito de se tornar vila.
Alexandre da Silva Pereira adquiriu do Capitão João Alves Feitosa e sua mulher Maria Alves Feitosa, através de permuta umas terras herdadas de seu pai, Manoel da Silva Pereira, em São João do Príncipe, hoje Tauá, em 12 de dezembro de 1785, por escritura lavrada no lugar Boa Viagem, escrita pela mão do Frei Antonio Monte Alverne mesmo com a permuta Alexandre ainda pagou mais $ 500.000 (quinhentos mil reis).
Ao estabelecer-se com sua família, Alexandre um homem de visão empreendedora torna esse vasto campo em solo fértil apropriado à produção de algodão e criação de gado. Pelo fato da localização da sede ser o melhor caminho que ligaria às regiões do Cariri e Inhamuns, onde todo o escoamento da produção agrícola do sul do Ceará era armazenado e escoado à capital da província, tornou-se esse torrão um entreposto comercial, o que contribuiu para tornar logo um povoado.
Visando promover o povoamento Alexandre da Silva Pereira, seguindo a tradição nordestina, muito embora sua origem é portuguesa, começa a estruturar a fazenda, construindo a casa na sede, que segundo historiadores ficava na rua de baixo, que atualmente leva seu nome.
É certo que Alexandre da Silva Pereira não precisou brigar com os povos indígenas, pois os verdadeiros donos da terra, já tinham abandonado sua região.
Tem-se notícia que a última nação indígena os Karius, foram dizimados na briga dos Feitosa do Inhamuns contra os Montes do Icó.
Vale ressaltar que com a posse dos Feitosa das sesmarias, que hoje é o nosso município, eles usaram os índios Karius na briga entre as duas famílias, contribuindo para sua dizimação.
Sabe-se que essa região foi palco de vários conflitos indígenas. Os primeiros donos são os Karius que foram expulsos de seu habitat em função da expulsão dos Kariris da região do Crato, Missão Velha, Barbalha e Cariri Central, pela nação Tupi, que também foi expulsa do litoral nordestino.
Muitas influências indígenas nós herdamos: na alimentação, na vestimenta, no comportamento, inclusive o nome do nosso torrão: para Paulino Nogueira, Assaré significa corruptela de Içá; para o Barão de Studart e Teodoro Sampaio, Aça, seguido da partícula afirmativa Ré, significa atalho, da tradução da língua dos Tapuias, possivelmente do grupo indígena Tarairiú. Já o índio Kariri-Xocó, Nhenety, afirma que Aça – quer dizer olhos e Ré, sagrados, portanto em Kariri Açaré quer dizer Olhos Sagrados, na língua dos Karius não temos informações, pois não existe nenhuma referencia atual com relação a remanescentes dessa nação indígena.
É importante salientar que ao se estabelecer com a família Alexandre da Silva Pereira trouxe escravos, naquela época era a única mão de obra existente, o que contribuiu para formação de nosso povo, tanto geneticamente como nos costumes.
O inteligente proprietário aproveitando-se da facilidade de comunicação e o acesso às regiões mais distantes entre as transitadas estradas daquela época: Cariri aos Inhamuns e, por conseguinte Piauí tratou de fazer diversas doações de terras para os parentes e amigos, não se esquecendo de deixar uma parte do patrimônio para a futura freguesia, contribuindo assim não somente para o povoamento desta região como também para torna-la um centro de transição comercial.
A educação dos que aqui vieram ficar, inclusive a prole dos donos dessas terras era dirigida pela palmatória de José Serafim, mestre de leitura, reza e latim trazido por Alexandre no século XVIII.
Sabemos que no período colonial os povoamentos cresciam lentamente, mas em 1823 um fato marcou o crescimento de Assaré, que tinha somente algumas moradias em torno da capelinha erguida por Alexandre Pereira sob as bênçãos de N.S. das Dores, nossa padroeira, que também serviu de cemitério. O referido fato, conhecido como a Marcha do Caxias, tinha a finalidade de sufocar os rebeldes do Piauí, o que transformou o povoado em um campo de concentração sob as ordens do comandante João da Silva Pereira, filho do fundador do nosso município.
Após três meses de acampamento, Tristão Gonçalves nomeado General em Chefe e opositor de João Pereira, transfere o acampamento na Várzea de Vaca (hoje Campos Sales) sob a intervenção do diácono Antonio Pereira, parente de ambos.
Mesmo com a saída das tropas o povoado continuou sendo um importante entreposto comercial e centro de criação, somente inferior a Quixeramobim e Tauá.
Após oito anos, em 1831, iria ser elevado a distrito de paz, entretanto com a revolução encabeçada por Pinto Madeira irrompeu no Cariri correria de liberais e concundas, causando aos nossos habitantes maiores deslocações, onde imperava roubos, assassinatos, um anarquismo generalizado.
Somente em 1838, com o fim da revolução, passa à freguesia, no dia 1º de agosto, entretanto o local escolhido não foi o Assaré, mas Santana do Brejo Grande (Santana do Cariri), um lugar despovoado, sem vias de comunicação, o contrário do nosso município que além de ser mais povoado oferecia melhores condições para a sede da freguesia, nessa época Alexandre era o octogenário.
Em 1842, Assaré era elevado a distrito de paz, sendo nomeado juiz o capitão Antonio Gonçalves de Alencar Tamiarana, no mesmo ano começa a construção da igreja matriz, lugar que existia uma antiga igrejinha.
No ano de 1844 foi construído o açude bangüê, depois chamado de Nossa Senhora das Dores.
Sob a lei provincial nº.520 de 04 de dezembro de 1850 é transferida a sede da freguesia de Santana do Brejo Grande para o Assaré, isso ocorreu em virtude do ssassinato de um Pe. em plena celebração na igreja de Santana e em retaliação a este fato Assaré passa a freguesia.
Nosso município foi criado sob resolução provincial de nº. 1.152, de 19 de julho de 1865, o Assaré é desmembrado de Saboeiro, entretanto somente a nova vila fora instalada em 11 de janeiro de 1869.
Em 1873 sob a lei nº. 1787, de 28 de dezembro, a comarca de Saboeiro é transferida para a vila de Assaré, sendo seu primeiro juiz de Direito o Dr. Sousa Lima, que depois foi presidente da província do Piauí e que foi substituído pelo Dr. Francisco Garcia e em seguida pelo Dr. Manuel Candido Machado.
Em três de dezembro chegou o convite ao chefe dos liberais de Assaré, o capitão Francisco Gomes de Oliveira Braga, para comparecer urgente à capital para aderir a Republica. Resultando sua volta em demissões e nomeações, além de adesões de lideranças ao movimento republicano. Na oportunidade houve uma passeata, onde o povo assistiu com indiferença, fazendo parte dela apenas os empregados do município e do estado.
Somente em 20 de dezembro de 1938 a vila passa à cidade pelo Decreto-Lei de nº. 448 de 20 de dezembro de 1938.
Vale ressaltar a importância da igreja católica para a existência do nosso município. O fato é que o fundador de Assaré queria que a capela fosse construída nas proximidades do município de São Mateus (Jucás) na ribeira dos afluentes do rio Salgado, mas por exigência dela foi erguida no local, onde hoje, está a igreja matriz.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

As mudanças de Assaré




As mudanças de Assaré


As mudanças de Assaré


As mudanças de Assaré


As mudanças de Assaré


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O jornalista Cassiano Elek perguntou ao grande Patativa do Assaré:

´O senhor nunca pensou em ser político´?

Eis a resposta:

´More comigo este ano/
que eu posso até lhe apoiar./
Sei que é homi de conceito, /
mas se você virar prefeito /
eu deixo de lhe acreditar´.

Notícia da morte de Patativa no Jornal Diario do Nordeste em 18/07/2002

O canto de Patativa do Assaré
Patativa do Assaré escrevia narrando a história de seu povo e o fazia com maestria

Esta semana na tristeza cearense da partida de um filho ilustre de suas letras, o Brasil fica mais pobre poeticamente. Patativa do Assaré já não está entre nós. Mais uma estrela brilha no cosmos da refinada literatura. Homem simples que nunca deixou seu rincão, escreveu laborial e genialmente a ponto dos estudiosos divergirem se era popular ou clássico. O certo é que era profundo e suave. Escrevia narrando a história de seu povo e o fazia com maestria.
Resta aos que não o conheceram - difícil não haverem ouvidos seus versos - lerem urgentemente a sua poesia.

"Minha poesia é a poesia do povo,
é a poesia social,
eu sou um poeta social,
um poeta que, analfabeto,
que nunca estudou, tudo meu é natural."

Quero um chefe brasileiro
que é firme e justiceiro
capaz de nos proteger,
que, do campo até a rua
o povo todo possua
o direito de viver" (1).

No dia 05 de março de 1909, a 18 quilômetros de Assaré, nasce Antônio Gonçalves da Silva, que viria a ser conhecido mais tarde por Patativa do Assaré. Com a morte precoce de seu pai - um agricultor pobre - e para amparar a mãe e os irmãos mais novos, intensificou muito sua lida na terra junto a seu irmão mais velho. Manteve-se nesta labuta, o trabalho no campo, até seus 70 anos. Estes fatos foram centrais na pessoa e na poesia de Patativa.
Patativa, no auge de seus 92 anos completos, apesar de não enxergar nem escutar quase nada e de andar só com o auxílio de muletas ou de alguém, continua um homem lúcido, conversador, contador de "causos", conforme se pode verificar no já citado, documentário produzido pela TV Cultura, Assaré, o sertão da poesia.
Sua escolaridade limitou-se a quatro meses, com uma professora da roça, muito atrasada. Vejamos seu depoimento: "Com a idade de doze anos, freqüentei uma escola, muito atrasada, na qual passei quatro meses, porém, sem interromper muito o trabalho de agricultor. Saí da escola lendo o segundo livro de Felisberto de Carvalho" - espécie de cartilha utilizada àquela época - "e daquele tempo pra cá não freqüentei mais escola nenhuma, porém, sempre lidando com as letras, quando dispunha de tempo para esse fim." (2)
Na idade de dezesseis anos persuadiu sua mãe a vender uma ovelha para comprar a primeira viola e ... ali começava uma nova fase de sua vida, fase essa que o levou a chegar onde ele se encontra hoje, um famoso poeta e cantador. Teve seu "canto amplificado" (3) por vozes como a do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que gravou a famosa e consagrada A Triste partida, seu conterrâneo Raimundo Fagner, que gravou por exemplo Vaca Estrela e Boi Fubá, dentre outros.
Apesar de ter tido uma formação escassa, sua "lida" com as letras, seu relacionamento com os livros, com a poesia de Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves, ou a prosa de Coelho Neto, manteve-se contínuo até o momento atual.. "Patativa é homem que sabe ler, de muitas leituras e informações sobre o que acontece no mundo (...). Basta dizer que, mesmo quando Patativa era violeiro e encantava os sertões com o som de sua viola e a beleza de seus versos de repente, já estudava o tratado de versificação de Guimarães Passos e Olavo Bilac e lia Os Lusíadas" (4).
Patativa perdeu um olho aos quatro anos de idade. Ao ser perguntado sobre a causa deste fato, respondeu: "Que diferença faz? O importante é que eu perdi um olho" (5). Mas, mesmo assim, com todo o espírito lúdico que é sua marca registrada, brinca com este fato, se comparando ao autor de Os lusíadas, Camões, que sofrera do mesmo mal:"Camões, foi autor dos Lusíadas viu, foi o maior poeta português que houve naquela época viu, e Camões tinha também um olho vazado, o olho direito como eu tenho, 'perdi' com quatro anos".
E conclui:

Nasci dentro da pobreza
sinto um prazer com isto
por ver que fui com certeza
colega de Jesus Cristo.
Perdi meu olho direito
ficando mesmo imperfeito
sem ver os velhos clarões,
mas logo me conformei
por saber que assim fiquei
parecido com Camões (6)

Patativa do Assaré é o que chamei anteriormente de um artesão da palavra. No dizer de Ariano Suassuna (7) "Patativa é certamente um dos grandes poetas populares brasileiros". De fato, ele pode ser encarado como um maestro de uma orquestra que tem como instrumentos, as palavras. Uma das coisas mais importantes para a carreira de Patativa é a questão da escrita, a publicação de seus poemas, alguns de seus repentes - que se não os tivesse escrito em seu caderninho, hoje não estariam aí fazendo sucesso.
Tudo isso o levou a chegar aonde chegou. Apareceu em grandes jornais como A Folha de São Paulo, na capa da Ilustrada (8), em revistas alternativas como a Palavra. Lançou mais de cinco livros, seis discos - tudo com grande sucesso. Possui ainda títulos como o de Doutor Honoris Causa das universidades Federal do Ceará, Estadual do Ceará e Federal de Sergipe, o prêmio Cultura Popular que recebeu das mãos do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em 1995, dentre outras coisas.
Poder-se-ia-se dizer que Patativa é um poeta popular, mas nas palavras do jornalista e professor da UFC - Universidade Federal do Ceará, Gilmar de Carvalho: "O rótulo de poeta popular que tentaram lhe colar é pequeno demais para sua estatura e mascara um elitismo fora de lugar. Na verdade, ele é um clássico." (9)
Como se vê, Patativa lida com maestria tanto no uso de uma linguagem regional, quanto no uso do português padrão, acadêmico: "... como a insinuar que sua opção pela linguagem cabocla é fruto de deliberada vontade, por total integração com sua terra, sua gente, e não por desconhecimento dos códigos letrados." (10)
Como exemplo da linguagem regional (linguagem de matuto):

Poetas universitaro
poetas de cademia
De rico vocabularo
Cheio de mitologia,
Se a gente canta o que pensa
Eu quero pedir licença
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês. 11

E no português padrão (linguagem erudita):

Pela estrada da vida nós seguimos
Cada qual procurando melhorar
Tudo aquilo que vemos e que ouvimos
Desejamos, na mente, interpretar,
Pois nós todos na terra possuímos
O sagrado direito de pensar,
Neste mundo de Deus, olho e diviso
O Purgatório, o Inferno e o Paraíso". (12)

Patativa, um homem totalmente integrado à terra em todos os sentidos, cultiva as tradições e os valores do sertão, conhecedor que é dos costumes e do modo de ser de seu povo.
Justamente por sofrer na carne as asperezas do sertão, a seca, a distância e as injustiças sociais, ele fez de sua poesia instrumento de combate político-social, sem perder o senso de humor, o espírito lúdico sempre presente na literatura de cordel.
Sua obra não se restringe à questão da seca, ao contrário, apresenta, como já foi dito, uma pluralidade de temas.
© COPYRIGHT 1998 Diário do Nordeste.

Autobiografria de Patativa do Assaré

Eu, Antônio Gonçalves da Silva, filho de Pedro Gonçalves da Silva, e de Maria Pereira da Silva, nasci aqui, no Sí­tio denominado Serra de Santana, que dista três léguas da cidade de Assaré. Meu pai, agricultor muito pobre, era possuidor de uma pequena parte de terra, a qual depois de sua morte, foi dividida entre cinco filhos que ficaram, quatro homens e uma mulher. Eu sou o segundo filho.
Quando completei oito anos, fiquei órfão de pai e tive que trabalhar muito, ao lado de meu irmão mais velho, para sustentar os mais novos, pois ficamos em completa pobreza. Com a idade de doze anos, freqüentei uma escola muito atrasada, na qual passei quatro meses, porém sem interromper muito o trabalho de agricultor.
Saí­ da escola lendo o segundo livro de Felisberto de Carvalho e daquele tempo para cá não freqüentei mais escola nenhuma, porém sempre lidando com as letras, quando dispunha de tempo para este fim.
Desde muito criança que sou apaixonado pela poesia, onde alguém lia versos, eu tinha que demorar para ouvi-los. De treze a quatorze anos comecei a fazer versinhos que serviam de graça para os serranos, pois o sentido de tais versos era o seguinte: Brincadeiras de noite de São João, testamento do Juda, ataque aos preguiçosos, que deixavam o mato estragar os plantios das roças, etc.
Com 16 anos de idade, comprei uma viola e comecei a cantar de improviso, pois naquele tempo eu já improvisava, glosando os motes que os interessados me apresentavam.
Nunca quis fazer profissão de minha musa, sempre tenho cantado, glosado e recitado, quando alguém me convida para este fim.
Quando eu estava nos 20 anos de idade, o nosso parente José Alexandre Montoril, que mora no estado do Pará, veio visitar o Assaré, que é seu torrão natal, e ouvindo falar de meus versos, veio à nossa casa e pediu à minha mãe, para que ela deixasse eu ir com ele ao Pará, prometendo custear todas as despesas. Minha mãe, embora muito chorosa, confiou-me ao seu primo, o qual fez o que prometeu, tratando-me como se trata um próprio filho.
Chegando ao Pará, aquele parente apresentou-me a José Carvalho, filho de Crato, que era tabelião do 1o. Cartório de Belém. Naquele tempo, José Carvalho estava trabalhando na publicação de seu livro “O matuto Cearense e o Caboclo do Pará”, o qual tem um capí­tulo referente a minha pessoa e o motivo da viagem ao Pará. Passei naquele estado apenas cinco meses, durante os quais não fiz outra coisa, senão cantar ao som da viola com os cantadores que lá encontrei.
De volta do Ceará, José Carvalho deu-me uma carta de recomendação, para ser entregue à Dra. Henriqueta Galeno, que recebendo a carta, acolheu-me com muita atenção em seu Salão, onde cantei os motes que me deram. Quando cheguei na Serra de Santana, continuei na mesma vida de pobre agricultor; depois casei-me com uma parenta e sou hoje pai de uma numerosa famí­lia, para quem trabalho na pequena parte de terra que herdei de meu pai. Não tenho tendência polí­tica, sou apenas revoltado contra as injustiças que venho notando desde que tomei algum conhecimento das coisas, provenientes talvez da polí­tica falsa, que continua fora do programa da verdadeira democracia.
Nasci a 5 de março de 1909. Perdi a vista direita, no perí­odo da dentição, em conseqüência da moléstia vulgarmente conhecida por Dor-d’olhos.
Desde que comecei a trabalhar na agricultura, até hoje, nunca passei um ano sem botar a minha roçazinha, só não plantei roça, no ano em que fui ao Pará.

ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA, Patativa do Assaré.

Assaré, de Saudade....

Assaré,
De saudade
Eu tenho chorado tanto
Que as lágrimas do meu pranto
Já formaram um oceano de solidão.
Estou a espera de que esse oceano transborde
E as lágrimas que dele transbordarem formem um rio
E por ele eu vou nadando ou de carona nalgum navio
Rompendo barreiras,saltos e cachoeiras até em ti aportar.
É uma ferida aberta com uma dor latente que me corta o peito
Essa tal de saudade que judia maltrata a minha alma e me deixa sem jeito
E me faz mergular em sonhos e delirios delirantes dos quais vivo a sonhar
Um dia na esperana de a ti poder voltar
e não mais viver tão distante sofrendo a dor constante
dessa saudade que é tão angustiante.
Oh Assaré!
viver o desterro distante da tua poesia
È sofrer e buscar alegria nas modas de viola e cantoria.
Ainda voltarei ASSARÉ,
e edificarei raizes no teu solo tão enternecedor
E ouvirei em cada esquina a voz de um poeta cantador.
Patativa deixou saudade - eternizado-.
Assaré Minha cidade.

Ferreira de Assaré

postado no blog: http://blog.teatrodope.com.br/2007/07/06/autobiografia-de-patativa-do-assare/
Raimundo Ferreira de Sousa 13/Nov/2007 às 12:46 pm

Histórias do Patativa

Certa vez, fiz uma viagem ao Assaré e Patativa estava, em Crato, no Tabajara Hotel a espera de trasnporte.
Ofereci carona ele eceitou.
Passei uma hora compondo uma pergunta em verso para o poeta.
Na descida para Nova Olinda o interroguei:

Amigo Patativa,
Responda-me se souber
Quantos pés de capim
Tem daqui pru Assaré?

A resposta veio num segundo:
Se a seca não matou
E o gado não comeu
Tem o mesmo que nasceu.

A.Morais 23/Apr/2008 às 9:32 am
Postado no blog:http://blog.teatrodope.com.br/2007/07/06/autobiografia-de-patativa-do-assare/

A triste partida




Setembro passou, com oitubro e novembro
Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

A treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,
O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.

Sem chuva na terra descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!

Apela pra maço, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva! ta tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.

Agora pensando segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo mau burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê.

Nòs vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por terras aleia
Nós vamo vagá.
Se o nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro mêrmo cantinho
Nós torna a vortá.

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté mêrmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendêro,
Por pôco dinhêro
Lhe compra o que tem.

Em riba do carro se junta a famia;
Chegou o triste dia,
Já vai viajá.
A seca terrive, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natá.

O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lá,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
Adeus, Ceará!

No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a corrê,
Tão triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio choroso
Escrama, a dizê:

- De pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comê?
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrê!

E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.

E assim vão dexando, com choro e gemido,
Do berço querido
O céu lindo e azu.
Os pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Su.

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferante
Do caro torrão.

Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre no prano
De um dia inda vim.
Mas nunca ele pode, só veve devendo,
E assim vai sofrendo
Tormento sem fim.

Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.

Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!

Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su.

Cante lá que eu canto cá...








Patativa do Assaré
Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.

Você teve inducação,
Aprendeu munta ciença,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa esperiença.
Nunca fez uma paioça,
Nunca trabaiô na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,
Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.

Pra gente cantá o sertão,
Precisa nele morá,
Tê armoço de fejão
E a janta de mugunzá,
Vivê pobre, sem dinhêro,
Socado dentro do mato,
De apragata currelepe,
Pisando inriba do estrepe,
Brocando a unha-de-gato.

Você é muito ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gozo,
Que eu canto meu padecê.
Inquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu infrento
A fome, a dô e a misera.
Pra sê poeta divera,
Precisa tê sofrimento.

Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de ôro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesôro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão dereito,
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.

E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.
Só canta o sertão dereito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteção de ninguém,
Coberto de precisão
Suportando a privação
Com paciença de Jó,
Puxando o cabo da inxada,
Na quebrada e na chapada,
Moiadinho de suó.

Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.

Mas porém, eu não invejo
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.

Seu verso é uma mistura,
É um tá sarapaté,
Que quem tem pôca leitura
Lê, mais não sabe o que é.
Tem tanta coisa incantada,
Tanta deusa, tanta fada,
Tanto mistéro e condão
E ôtros negoço impossive.
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão.

Canto as fulô e os abróio
Com todas coisa daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se as vêz andando no vale
Atrás de curá meus male
Quero repará pra serra
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um divule de rima
Caindo inriba da terra.

Mas tudo é rima rastêra
De fruita de jatobá,
De fôia de gamelêra
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poêra do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:Nossa vida é deferente
E nosso verso também.

Repare que deferença
Iziste na vida nossa:
Inquanto eu tô na sentença,
Trabaiando em minha roça,
Você lá no seu descanso,
Fuma o seu cigarro mando,
Bem perfumado e sadio;
Já eu, aqui tive a sorte
De fumá cigarro forte
Feito de paia de mio.

Você, vaidoso e facêro,
Toda vez que qué fumá,
Tira do bôrso um isquêro
Do mais bonito metá.
Eu que não posso com isso,
Puxo por meu artifiço
Arranjado por aqui,
Feito de chifre de gado,
Cheio de argodão queimado,
Boa pedra e bom fuzí.
Sua vida é divirtida
E a minha é grande pená.

Só numa parte de vida
Nóis dois samo bem iguá:
É no dereito sagrado,Por Jesus abençoado
Pra consolá nosso pranto,
Conheço e não me confundo
Da coisa mió do mundo
Nóis goza do mesmo tanto.
Eu não posso lhe invejá
Nem você invejá eu,
O que Deus lhe deu por lá,
Aqui Deus também me deu.
Pois minha boa muié,
Me estima com munta fé,
Me abraça, beja e qué bem
E ninguém pode negá
Que das coisa naturá
Tem ela o que a sua tem.

Aqui findo esta verdade
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve tomá.
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Rodoviária


Centro social e Educacional para Jovens e Adolescentes


Paisagem 2


Paisagem


Memorial do Patativa


Igreja Matriz de Assaré


Livros do Patativa

  • Inspiração Nordestina - 1956
  • Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
  • Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
  • Ispinho e Fulô - 1988
  • Balceiro
  • Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
  • Cordéis - 1993
  • Aqui Tem Coisa - 1994
  • Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
  • Balceiro 2
  • Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
  • Ao pé da mesa – 2001

Poemas mais conhecidos

A Triste Partida, Cante Lá que eu Canto Cá,Coisas do Rio de janeiro,Meu Protesto, Mote/Glosas, Peixe, O Poeta da Roça, Apelo dum Agricultor, Se Existe Inferno, Vaca estrela e Boi Fubá, Você e Lembra?, Vou Vorá .

Patativa grava seu canto em disco

A estréia do vate cearense em vinil se deu no ano de 1979, quando gravou o LP "Poemas e Canções", lançado pela CBS . As gravações foram realizadas em recital no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Cantando para seu povo brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco na abertura A dor Gravada:

"Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz,
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente".

O recital fez parte de uma revisão cultural que a nova classe intelectual ligada á musica e ao cinema faz sobre o obra dos grandes poetas populares cearenses como Cego Oliveira, Ascenso Ferreira e o próprio Patativa. Artistas como Fagner , o cineasta Rosemberg Cariri e outros, se encarregaram de produzir em vídeo e película documentários com finalidade de registrar ar um pouco da cultura em seu molde mais genuíno.
Do mesmo disco é a destemida Senhor Doutor, que em pleno governo do general Ernesto Geisel falava em baixos salários numa posição de afronta em relação à situação da elite, representada pela figura do doutor. Assim vocifera o bardo do Assaré, com seu ressonante gogó:

"Sinhô Dotô não se enfade
Vá guardando essa verdade
E pode crê, sou aquele operário
Que ganha um pobre salário
Que não dá para comer."

Após a gravação do primeiro LP o recitador , fez uma série de shows com seu discípulo Fagner . Em 81 a apresentação da dupla no Festival de Verão do Guarujá ganha ampla repercussão na imprensa. Nesta mesma ocasião gravou seu segundo LP "A Terra é Naturá", também pela CBS. Patativa sempre cantou as saudades da sua terra, embora não tenha deixado o seu Cariri no último pau-de-arara, como diz a letra. Seu lamento arrastado e monocórdico acalanta os que se retiraram e serve de ombro aos que ficam.
. A toada-aboio "Vaca Estrela e Boi Fubá" que narra a saudade da terra natal e do gado foi o sucesso do disco em versão gravada por Fagner no LP "Raimundo Fagner", de 1980.

"Eu sou filho do Nordeste, não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar
Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá.
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar".

Outro ponto alto do disco "A Terra é Naturá" que foi lançado em CD pela 97 é a poesia Antônio Conselheiro que narra a saga do messiânico desde os dias iniciais em Quixeramobim, no Ceará até o combate final no Arraial de Belo Monte, na Fazenda Canudos, em 1897. Patativa, como muitos dos cantadores, registram na memória as histórias que boiam no leito da tradição oral, contadas aqui e ali, reproduzidas pelos violeiros e pelos cordéis.
"A Terra é Naturá" foi produzido por Fagner , tendo o cineasta Rosemberg Cariri entrado como assistente de produção artística. O acompanhamento é feito por Manassés, músico especialista em violas que se revelou juntamente com o Pessoal do Ceará, e pelo violonista Nonato Luiz, violonista de mão cheia. A presença do rabequeiro Cego Oliveira, fazendo o introdutório das músicas ajuda a consolidar a reputação de indispensável ao LP.
O lirismo dos versos de Mãe Preta, poema dedicado à sua mãe de criação cuja morte é narrada em versos contundentes e simplórios ao mesmo tempo, apresenta uma densidade poética que só os que cantam com pureza d'alma atingem.

" Mamãe, com muito carinho, chorando um beijo me deu
E me disse : meu filhinho, sua Mãe Preta morreu.
E outras coisa me dizendo, senti meu corpo tremendo,Me considerei um réu.
Perdi da vida o prazer, Com vontade de morrer pra ver Mãe Preta no céu"

Depois deste disco Patativa voltou para o seu roçado na Serra de Santana, em Assaré.
De lá saia esporadicamente para alguns recitais mas é no seu pé-de-serra, que recebe a inspiração poética.
Em 9 de março de 1994 o poeta completou 85 verões e foi homenageado com o LP "Patativa do Assaré - 85 Anos de Poesia", sendo este seu mais recente lançamento, com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Como narrador do progresso nos meios de comunicação expôs em Presente Disagradável suas convicções autênticas, sobre o aparelho de televisão:

"Toda vez que eu ligo ele
No chafurdo das novela
Vejo logo os papo é feio
Vejo o maior tumaré
Com a briga das mulhé
Querendo os marido alheio
Do que adianta ter fama?
Ter curso de Faculdade?
Mode apresentar programa
Com tanta imoralidade !"

Patativa do Assaré e seus 90 verões de gorjeio poético

As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré, referência ao município que nasceu. Analfabeto "sem saber as letra onde mora ", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de "Triste Partida", toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.
Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo a Assaré , seu pai morrera quando tinha apenas oito anos legando aos seus filhos Antônio, José, Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada, "arrastar cobra pros pés" , como se diz no sertão.
A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma infância que lhe testemunhou os primeiros versos presenciaria a perda da visão direita, em decorrência de uma doença, segundo ele, chamada "mal d'olhos".
Sua verve poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir ao condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:
"Eu sou de uma terra que o povo padeceMas não esmorece e procura vencer.Da terra querida, que a linda caboclaDe riso na boca zomba no sofrêNão nego meu sangue, não nego meu nome.Olho para a fome , pergunto: que há ?Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Embora tivesse facilidade para fazer versos desde menino, a Patativa do município de Assaré, no Vale do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do país, quando foi mostrado ao grande público por Fagner em finais da década de 70, até hoje se considera o mesmo camponês humilde e mora no mesmo torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra na Serra de Santana.
Do Vale do Cariri, que com-preende o Sul do Ceará e parte Oeste da Paraíba, muitas famílias migraram para outras regiões do Brasil. A própria família Gonçalves , da qual faz parte o poeta, se largou do Crato , de Assaré e circunvizinhan-ças para o Sul da Bahia, em busca do dinheiro fácil do cacau, nas décadas de 20 e 30.Seus livros foram publicados ocasionalmente por pesquisadores e músicos amigos e, parceria com pequenos selos tipográficos e hoje são relíquias para os colecionadores da literatura nordestina.

Cultura

  • Festas dos Caretas do Parque de Vaquejada e Bonita
  • Arraia da Patativa
  • Paixão de Cristo
  • Penitentes de Genezaré
  • Banda Cabaçal de Mestre Zé Lino
  • Grupo de côco dos biliscos
  • Reisado Bois de Caretas
  • Artesanato em Couro
  • Academia da poesia Popular

Principais Festas

  • Vaquejada de Inverno – Janeiro
  • Assaré em Arte e Cultura – Março
  • Paixão de Cristo – Abril/maio
  • Festa dos Caretas - Abril /maio
  • Quermesse N.S. de Fátima - Maio
  • Assaré Junino – Junho
  • Festa do Município – Julho
  • Vaquejada tradicional – Julho
  • Festa de Nossa Senhora Das Dores, padroeira do município – Setembro
  • Natal de Luz - Dezembro

Economia

Como todos os municípios do nordeste a base da economia do Assaré começou com a compra e venda de gado, venda de carne seca pele e legumes. No ciclo do algodão Assaré se destacava com sua grande produção, chegando a ser o segundo maior produtor do estado, levando os irmãos Montenegro a fundar a Usina de Beneficiamento de Algodão, entretanto a praga do bicudo acabou com a base econômica que por alguns anos deu a população condição de vida com sustentabilidade.
Hoje a economia gira em torno da agricultura de subsistência, do comércio, o poder público municipal e estadual e os pensionistas e aposentados da previdência social.


















Igreja Matriz de Assaré

domingo, 24 de agosto de 2008

História

No século XVIII, a chegada da noticia que no interior brasileiro, tinha ouro em abundância, desencadeou uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa.
A busca do metal precioso, nas ribanceiras do
Rio Salgado, trouxe para a região do Sertão do Cariri, a colonização. Em conseqüência, a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos e vilas. As sesmarias, que hoje formam Assaré, foram doadas aos irmãos: José Alves Feitosa e Lourenço Alves Feitosa, que já detinham a concessão das sesmarias dos Sertões dos Inhamuns.
Dentro das obrigações das sesmarias era tornar as terras produtivas, o que não aconteceu, pois os irmãos Feitosa usavam as terras da ribeira do Salgado, para refugiar–se da luta armada, que os Feitosa tinham com a família Monte de
Icó, que acabou com a quase dizimação, dessa última. Por causa dessa luta armada, e quase renda dessa ribeira, para a Corte, os irmãos Feitosa perderam a concessão, entretanto vende por quatro centos mil réis, a Alexandre da Silva Pereira, filho de Manoel da Silva Pereira. Homem trabalhador, franco e agradável, que com essas características, tornou-se conhecido e respeitado. O que transformou o Assaré, em entreposto comercial, entre o Cariri e os Inhamuns.
Alexandre aproveitou as vantagens de ser um entreposto comercial, trazendo para a fazenda um mestre de leitura, reza e latim. Nessa escola lecionou José Serafim, que usava a palmatória, pois o professor era afilhado e discípulos do reverendíssimo Serafim da Penha. Visando promover o povoamento, fez Alexandre doar terras em torno da fazenda a parentes, compadres e estranhos, com o intuito de trazer desenvolvimento e com a visão futurista de tornar o Assaré, uma freguesia.
Em 1 de agosto de 1838 passou a freguesia, entretanto, a sede coube a santana do Brejo Grande, hoje Santana do Cariri. No ano de 1842, Assaré é elevado a distrito de Paz, sendo nomeado juiz, o capitão Antonio Gonçalves de Alencar Tamiarana. E no mesmo ano, começou a construção da igreja matriz. Em 4 de dezembro de 1850, o sonho de Alexandre da Silva Pereira torna – se realidade, Assaré passa a ser sede da freguesia, sob a lei provincial de nº. 520, sendo seu primeiro vigário o Padre José Tavares Pereira. A emancipação política de saboeiro, aconteceu no dia 19 de julho de 1865, pela resolução a Lei Provincial de nº. 1.152, que elevou à Vila a povoação de Assaré, porém so foi instalada em 11 de janeiro de 1869. E somente em 1873 a Lei de nº. 1.787 de 28 de dezembro, Assaré passa a sede de comarca e teve seu 1º Juiz, o Dr. Souza Lima. Assaré, só passa a ser cidade, em 20 de dezembro de 1938 por força do decreto Lei nº. 448/1938.
Hoje, o Assaré conta com uma população de 20.882 habitantes, segundo o último censo, sendo 9.428 residentes na zona urbana e 11.454 residentes na zona rural, tem três distritos: Sede, Amaro e Aratama; se limita com os seguintes municípios: ao Norte: Antonina do Norte e Tarrafas; ao Sul: Potengi e Santana do Cariri; ao Leste: Altaneira e Farias Brito e à Oeste: Campos Sales.