quarta-feira, 24 de setembro de 2008

UM POUCO DA HISTÓRIA DO NOSSO TORRÃO QUERIDO

Os primeiros a chegarem às terras que constituem o território do primitivo Assaré não foram os Silva Pereira.
Com essa afirmação não queremos contestar que seja Alexandre o seu fundador, mas convém lembrar que o município originou-se de uma fazenda, muito embora não fora a única, porém foi a que mais prosperou, o que deu direito de se tornar vila.
Alexandre da Silva Pereira adquiriu do Capitão João Alves Feitosa e sua mulher Maria Alves Feitosa, através de permuta umas terras herdadas de seu pai, Manoel da Silva Pereira, em São João do Príncipe, hoje Tauá, em 12 de dezembro de 1785, por escritura lavrada no lugar Boa Viagem, escrita pela mão do Frei Antonio Monte Alverne mesmo com a permuta Alexandre ainda pagou mais $ 500.000 (quinhentos mil reis).
Ao estabelecer-se com sua família, Alexandre um homem de visão empreendedora torna esse vasto campo em solo fértil apropriado à produção de algodão e criação de gado. Pelo fato da localização da sede ser o melhor caminho que ligaria às regiões do Cariri e Inhamuns, onde todo o escoamento da produção agrícola do sul do Ceará era armazenado e escoado à capital da província, tornou-se esse torrão um entreposto comercial, o que contribuiu para tornar logo um povoado.
Visando promover o povoamento Alexandre da Silva Pereira, seguindo a tradição nordestina, muito embora sua origem é portuguesa, começa a estruturar a fazenda, construindo a casa na sede, que segundo historiadores ficava na rua de baixo, que atualmente leva seu nome.
É certo que Alexandre da Silva Pereira não precisou brigar com os povos indígenas, pois os verdadeiros donos da terra, já tinham abandonado sua região.
Tem-se notícia que a última nação indígena os Karius, foram dizimados na briga dos Feitosa do Inhamuns contra os Montes do Icó.
Vale ressaltar que com a posse dos Feitosa das sesmarias, que hoje é o nosso município, eles usaram os índios Karius na briga entre as duas famílias, contribuindo para sua dizimação.
Sabe-se que essa região foi palco de vários conflitos indígenas. Os primeiros donos são os Karius que foram expulsos de seu habitat em função da expulsão dos Kariris da região do Crato, Missão Velha, Barbalha e Cariri Central, pela nação Tupi, que também foi expulsa do litoral nordestino.
Muitas influências indígenas nós herdamos: na alimentação, na vestimenta, no comportamento, inclusive o nome do nosso torrão: para Paulino Nogueira, Assaré significa corruptela de Içá; para o Barão de Studart e Teodoro Sampaio, Aça, seguido da partícula afirmativa Ré, significa atalho, da tradução da língua dos Tapuias, possivelmente do grupo indígena Tarairiú. Já o índio Kariri-Xocó, Nhenety, afirma que Aça – quer dizer olhos e Ré, sagrados, portanto em Kariri Açaré quer dizer Olhos Sagrados, na língua dos Karius não temos informações, pois não existe nenhuma referencia atual com relação a remanescentes dessa nação indígena.
É importante salientar que ao se estabelecer com a família Alexandre da Silva Pereira trouxe escravos, naquela época era a única mão de obra existente, o que contribuiu para formação de nosso povo, tanto geneticamente como nos costumes.
O inteligente proprietário aproveitando-se da facilidade de comunicação e o acesso às regiões mais distantes entre as transitadas estradas daquela época: Cariri aos Inhamuns e, por conseguinte Piauí tratou de fazer diversas doações de terras para os parentes e amigos, não se esquecendo de deixar uma parte do patrimônio para a futura freguesia, contribuindo assim não somente para o povoamento desta região como também para torna-la um centro de transição comercial.
A educação dos que aqui vieram ficar, inclusive a prole dos donos dessas terras era dirigida pela palmatória de José Serafim, mestre de leitura, reza e latim trazido por Alexandre no século XVIII.
Sabemos que no período colonial os povoamentos cresciam lentamente, mas em 1823 um fato marcou o crescimento de Assaré, que tinha somente algumas moradias em torno da capelinha erguida por Alexandre Pereira sob as bênçãos de N.S. das Dores, nossa padroeira, que também serviu de cemitério. O referido fato, conhecido como a Marcha do Caxias, tinha a finalidade de sufocar os rebeldes do Piauí, o que transformou o povoado em um campo de concentração sob as ordens do comandante João da Silva Pereira, filho do fundador do nosso município.
Após três meses de acampamento, Tristão Gonçalves nomeado General em Chefe e opositor de João Pereira, transfere o acampamento na Várzea de Vaca (hoje Campos Sales) sob a intervenção do diácono Antonio Pereira, parente de ambos.
Mesmo com a saída das tropas o povoado continuou sendo um importante entreposto comercial e centro de criação, somente inferior a Quixeramobim e Tauá.
Após oito anos, em 1831, iria ser elevado a distrito de paz, entretanto com a revolução encabeçada por Pinto Madeira irrompeu no Cariri correria de liberais e concundas, causando aos nossos habitantes maiores deslocações, onde imperava roubos, assassinatos, um anarquismo generalizado.
Somente em 1838, com o fim da revolução, passa à freguesia, no dia 1º de agosto, entretanto o local escolhido não foi o Assaré, mas Santana do Brejo Grande (Santana do Cariri), um lugar despovoado, sem vias de comunicação, o contrário do nosso município que além de ser mais povoado oferecia melhores condições para a sede da freguesia, nessa época Alexandre era o octogenário.
Em 1842, Assaré era elevado a distrito de paz, sendo nomeado juiz o capitão Antonio Gonçalves de Alencar Tamiarana, no mesmo ano começa a construção da igreja matriz, lugar que existia uma antiga igrejinha.
No ano de 1844 foi construído o açude bangüê, depois chamado de Nossa Senhora das Dores.
Sob a lei provincial nº.520 de 04 de dezembro de 1850 é transferida a sede da freguesia de Santana do Brejo Grande para o Assaré, isso ocorreu em virtude do ssassinato de um Pe. em plena celebração na igreja de Santana e em retaliação a este fato Assaré passa a freguesia.
Nosso município foi criado sob resolução provincial de nº. 1.152, de 19 de julho de 1865, o Assaré é desmembrado de Saboeiro, entretanto somente a nova vila fora instalada em 11 de janeiro de 1869.
Em 1873 sob a lei nº. 1787, de 28 de dezembro, a comarca de Saboeiro é transferida para a vila de Assaré, sendo seu primeiro juiz de Direito o Dr. Sousa Lima, que depois foi presidente da província do Piauí e que foi substituído pelo Dr. Francisco Garcia e em seguida pelo Dr. Manuel Candido Machado.
Em três de dezembro chegou o convite ao chefe dos liberais de Assaré, o capitão Francisco Gomes de Oliveira Braga, para comparecer urgente à capital para aderir a Republica. Resultando sua volta em demissões e nomeações, além de adesões de lideranças ao movimento republicano. Na oportunidade houve uma passeata, onde o povo assistiu com indiferença, fazendo parte dela apenas os empregados do município e do estado.
Somente em 20 de dezembro de 1938 a vila passa à cidade pelo Decreto-Lei de nº. 448 de 20 de dezembro de 1938.
Vale ressaltar a importância da igreja católica para a existência do nosso município. O fato é que o fundador de Assaré queria que a capela fosse construída nas proximidades do município de São Mateus (Jucás) na ribeira dos afluentes do rio Salgado, mas por exigência dela foi erguida no local, onde hoje, está a igreja matriz.

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